É muito difícil ser Queer no país que mais mata pessoas LGBTQIAPN+ no mundo. Fica mais difícil quando a gente tem que viver na pele as violências diárias (sim, todos os dias, a qualquer hora, em qualquer lugar) e ainda precisa lidar com o egocentrismo da heterocisnormatividade, que sempre acha que tudo é sobre ela.
Se tu não é lgbtfóbico, se tu não desrespeita nem ataca pessoas LGBTs, a minha militância não é pra ti. Portanto, tu não deverias te ofender com o que eu digo. Muito menos me interromper pra te justificar e soltar um “nem todo mundo”.
Se tu te ofende... bem feito. Sinal de que o chapéu serviu. E nesse caso, tu é um problema teu. Não joga em mim as tuas responsabilidades contigo mesmo.
Muita gente se incomoda quando a gente fala sobre o comportamento lgbtfóbico, porque se reconhece no discurso — mas não tem coragem de assumir. Só que assumir é o primeiro passo pra parar de ser.
Todes fomos criades e treinades desde cedo pra performar gênero. E esse treinamento inclui racismo, machismo, lgbtfobia e aquela velha ideia patriarcal e obsoleta de que o mundo é dos homens brancos, héteros e cisgêneros.
Vivemos numa estrutura racista, machista, lgbtfóbica e infelizmente, mesmo sem querer, mesmo sem saber, a gente reproduz isso tudo e muito mais...até que tenha acesso à informação, autoconhecimento e capacidade de crítica. E aí começa um processo lento, contínuo e vitalício de desconstrução e aplicação dessa desconstrução na nossa vida diária.
Mas gente informada e em desconstrução é uma ameaça. Uma ameaça ao CIStema, ao patriarcado, à heterocisnormatividade compulsória — ou como tu preferir chamar. Gente que sabe o que quer, e principalmente o que não quer, é perigosa. Perigosa pra manutenção de um sistema que privilegia certos corpos e apaga outros.
Então, se uma pessoa LGBT te falar com fúria sobre a estrutura: não pessoaliza. Tira de ti esse peso, se ele realmente não te pertence.
Agora... se continuar doendo, talvez tu precise de terapia.
E de umas doses bem fortes de Judith Butler na veia.
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