segunda-feira, 5 de maio de 2025

Carta aberta a quem ainda passa pano para a LGBTfobia


Se você acha tranquilo passar pano pra gente LGBTfóbica, se você escolhe o silêncio diante da violência, então entenda: você não é aliado. Nem da nossa luta, nem de você mesmo.

Passar pano, fingir que não é com você, "deixar quieto" — isso é um privilégio de quem nunca sentiu na pele a certeza da morte só por existir. De quem nunca precisou avaliar o tom da voz, o jeito de andar, a roupa que veste, só pra tentar voltar vivo pra casa.

A violência LGBTfóbica não é só o soco, o tiro, a expulsão. Ela é também essa tentativa constante de apagar o que somos, de silenciar nossa dor. Ela vive no "não é nada demais", no "só ignora", no "você é melhor que isso". Vive na relativização. Vive no discurso de paz que só existe pra quem nunca esteve em guerra.

Essas frases são de quem nunca teve que se defender todos os dias. De quem nunca foi empurrado, desrespeitado, violentado ou espancado por simplesmente ser. E quando a gente grita, quando se impõe, vocês nos chamam de "raivosas", "problemáticas", "paranoicas". Como se a raiva não fosse o mínimo diante de tudo o que já nos foi tirado.

Se você nunca precisou mentir sobre quem é pra sobreviver, então você não sabe nada sobre o que é lutar. Se você nunca viveu com medo de ser quem é, não venha nos dizer como devemos reagir.

Não queremos o silêncio. Não vamos abaixar a cabeça. Não vamos pedir licença pra existir.

Antes de nos julgar, meça seus privilégios.
Antes de se dizer aliado, entenda o que isso significa.
Aliança não é conforto. É presença na luta. É escudo, não pedestal.

Nós sabemos exatamente o que estamos fazendo. Nossa luta é justa. Nossa existência é política. E não precisamos do aval de ninguém pra seguir sendo o que somos.

Não viemos ao mundo pra agradar vocês. Não viemos pra caber no molde cis, heteronormativo e sufocante que vocês chamam de vida.

Nós somos Queer.

Somos o que não se curva, o que não cabe nas caixinhas, o que quebra o padrão.
E não vamos aceitar orientações ou direções de quem tenta nos apagar.

Vocês que lutem com os limites que o patriarcado impôs pra vocês.
Nós seguimos livres.
E não vamos nos aliar a quem quer nos ver calados e mortos.

"Ninguém vai poder querer nos dizer como amar".


#orgulholgbtqiapn #nonbinary #queer #orgulhotrans 

A voz como instrumento principal




Você já experimentou cantar a capela?

Sabe aquela sensação de soltar a voz sem nenhum instrumento por perto, só você e o som cru que sai da garganta? Cantar a capela é isso — um momento de verdade pura entre você e a música. Não tem playback, não tem violão pra esconder desafino, não tem onde se esconder. E talvez por isso mesmo seja tão poderoso.

Se você curte cantar no chuveiro, nos rolês com os amigos ou até se apresentar, vale muito a pena experimentar a capela de verdade. E não, não precisa ter voz de Elis Regina  — mas precisa ter coragem. Porque cantar sem acompanhamento é se colocar por inteiro na canção.

Cantar a capela é se ouvir de verdade.

Quando a gente canta com instrumentos, muita coisa se mistura. Mas quando é só a voz, tudo fica mais claro: o jeito que você respira, onde coloca emoção, até aqueles trechinhos que você sempre acelera ou empurra pra debaixo do tapete. A capela é como um espelho vocal — às vezes você ama o que vê, às vezes descobre que tem coisa pra ajustar. Mas tudo bem, porque faz parte do processo.

E não precisa estar sozinho.

Tem um lado lindo da capela que é coletivo: os grupos vocais. Cada um faz uma voz diferente e, juntos, criam harmonia pura. É mágico ver como vozes diferentes se encaixam sem precisar de um único instrumento. É tipo mágica, mas com técnica, ouvido e coração.

Quer tentar? Começa simples.

Escolhe uma música que você ama — de preferência uma que você já saiba de cor. Canta sozinho, sem playback, sem batida. Presta atenção em como sua voz se comporta. Se quiser gravar, melhor ainda: ouvir depois ajuda muito a perceber o que tá rolando ali.

Não precisa acertar tudo de primeira. A graça é justamente ir se descobrindo. E se você já canta, a capela é um ótimo exercício pra afinar o ouvido, trabalhar afinação e ganhar confiança.

Bora colocar isso em prática?

Se você ficou com vontade de experimentar o canto a capela, tá mais do que convidado(a) pro Sarau do projeto Voz Base! Acontece uma vez por mês no Macunaíma Gastrobar, que fica na Rua da República, 153 — Cidade Baixa, Porto Alegre.

É um espaço aberto, leve, feito pra gente soltar a voz sem medo de errar — só com vontade de se expressar de verdade. Não importa se você canta há anos ou se é a primeira vez: o sarau é pra todo mundo que quer viver a música de forma mais crua, mais íntima, mais sincera.

Te esperamos por lá. Só vem — e traz a voz!


Quer que eu formate isso como postagem para redes sociais também?

Prezado amigo CIS:

Gente, isso é conteúdo reflexivo. Não tem endereço, não é um ataque a ninguém especificamente, e sim ao patriarcado e a imposição de gênero...