Se você acha tranquilo passar pano pra gente LGBTfóbica, se você escolhe o silêncio diante da violência, então entenda: você não é aliado. Nem da nossa luta, nem de você mesmo.
Passar pano, fingir que não é com você, "deixar quieto" — isso é um privilégio de quem nunca sentiu na pele a certeza da morte só por existir. De quem nunca precisou avaliar o tom da voz, o jeito de andar, a roupa que veste, só pra tentar voltar vivo pra casa.
A violência LGBTfóbica não é só o soco, o tiro, a expulsão. Ela é também essa tentativa constante de apagar o que somos, de silenciar nossa dor. Ela vive no "não é nada demais", no "só ignora", no "você é melhor que isso". Vive na relativização. Vive no discurso de paz que só existe pra quem nunca esteve em guerra.
Essas frases são de quem nunca teve que se defender todos os dias. De quem nunca foi empurrado, desrespeitado, violentado ou espancado por simplesmente ser. E quando a gente grita, quando se impõe, vocês nos chamam de "raivosas", "problemáticas", "paranoicas". Como se a raiva não fosse o mínimo diante de tudo o que já nos foi tirado.
Se você nunca precisou mentir sobre quem é pra sobreviver, então você não sabe nada sobre o que é lutar. Se você nunca viveu com medo de ser quem é, não venha nos dizer como devemos reagir.
Não queremos o silêncio. Não vamos abaixar a cabeça. Não vamos pedir licença pra existir.
Antes de nos julgar, meça seus privilégios.
Antes de se dizer aliado, entenda o que isso significa.
Aliança não é conforto. É presença na luta. É escudo, não pedestal.
Nós sabemos exatamente o que estamos fazendo. Nossa luta é justa. Nossa existência é política. E não precisamos do aval de ninguém pra seguir sendo o que somos.
Não viemos ao mundo pra agradar vocês. Não viemos pra caber no molde cis, heteronormativo e sufocante que vocês chamam de vida.
Nós somos Queer.
Somos o que não se curva, o que não cabe nas caixinhas, o que quebra o padrão.
E não vamos aceitar orientações ou direções de quem tenta nos apagar.
Vocês que lutem com os limites que o patriarcado impôs pra vocês.
Nós seguimos livres.
E não vamos nos aliar a quem quer nos ver calados e mortos.
"Ninguém vai poder querer nos dizer como amar".
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